FANS DO TURCA

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Pra Sempre TIMÃO - 103 Anos de História.

Eu devia ter 4 ou 5 anos de idade.
Minha lembrança mais antiga era de acordar assustado e chorando e ir correndo para sala quando escutava os gritos do meu pai.
Minha mãe ficava desesperada porque era ela quem tinha que me acalmar depois.
Para meu azar estávamos no início dos anos 80. Tempos de Casagrande, Sócrates, Biro Biro e da Democracia Corinthiana, tempos de muitos gols então acordei assustado muitas vezes.
Eu não entendia porque meu Pai ficava na frente da TV vendo aqueles jogos e algumas vezes chorava quando o campeonato chegava no final.
Anos mais tarde aprendi que o nome disso era “Conquista de Títulos”.
Pra falar a verdade eu cresci sem nenhum interesse no futebol, mesmo tendo toda minha família Corinthiana.
Foi apenas na minha adolescência, no início dos anos 90 que fui “obrigado” a começar entender de futebol.
Comecei a estudar em uma escola cujo o único assunto nas manhãs era Futebol.
Desgraçadamente naquele ano, o Corinthians estava em último lugar no Campeonato Paulista.
Os meus amigos não perdoavam e eu comecei a acompanhar os jogos pelo rádio para ter assunto no outro dia antes da aula.
Nessa mesma época, comecei a assistir os jogos com meus dois primos, Jorge e Alexandre .
O Jorge sempre foi o mais alucinado pelo Corinthians, eu o observava assistindo os jogos e via o sofrimento e alegria em cada lance e gol.
Fazia uma bagunça desgraçada na casa e gritava como se fosse morrer do coração.
Um dia ele me levou para o Estádio. Era a primeira vez que iria em um jogo.
Foi uma farra, fomos com vários amigos dele tão loucos quanto ele. Se fechar os olhos eu consigo  lembrar exatamente do momento que entrei nas arquibancadas do Morumbi e vi o imenso gramado que só conhecia pela TV.
O Jogo era contra o Santos e o Corinthians venceu de virada por 2 a 1 com gols de NETO e EZEQUIEL “ De cabeça”.
Aquele momento mudou completamente minha vida. Eu fui contaminado pela doença e comecei cada vez mais entender sobre a história e conquistas do Corinthians, já tinha total domínio do assunto, não perdia nenhum jogo, seja no rádio ou TV e todas as vezes que possivel visitava o estádio.
Acabamos o campeonato como vice-campeões perdendo para a equipe do Palmeiras que tinha Evair, Edmundo, Zinho etc.
Mas ainda naquela década eu pude acompanhar toda a história daquele que “para mim”  é o maior ídolo, Marcelinho Carioca.
De lá pra cá foram muitos títulos, algumas derrotas.
Entre as Derrotas mais sofridas, sem dúvida a segunda eliminação na Libertadores para o Palmeiras. Tínhamos o melhor time nas duas ocasiões, jogamos melhores nas 4 partidas e novamente eliminados nos pênaltis.
Não cheguei a chorar por esse derrota e nem por nenhuma outra, mas fiquei menos fanático. Acalmei bastante.
Meus gritos já não eram tão fortes.
Entre as vitórias, não dá pra esquecer os 2 a 1 no Santos com o gol do Ricardinho faltando 8 segundos para acabar.
A Final do mundial de 2000 e principalmente o primeiro título que eu realmente comemorei que foi o Paulista de 1995 com aquele gol do Elivelton que me fez ficar tão louco que me pendurei no portão só de cueca e gritava campeão, campeão....
No capítulo triste dessa longa história, o rebaixamento de 2007, eu já estava em uma fase da vida onde a razão era maior que a emoção e eu sabia que apenas uma administração séria nos salvaria.
Então eu comecei a torcer para que as decisões do Corinthians fora de campo fossem tão vitoriosas quanto dentro dele.
Minha visão profissional de trabalho fez com que eu admirasse seus administradores e os exemplos de superação, estratégia , Marketing e criatividade que eles adotavam para tentar fazer o clube ressurgir.
Os esforços tiveram resultados e não há dúvidas, o divisor de águas da história do Corinthians foi a contratação do Ronaldo Fenômeno.
Ele nunca foi um ídolo pra mim, nem antes nem durante e nem depois do Corinthians, mas para a História do clube ele foi fundamental.
Evoluímos 80 anos em 3 anos com ele no elenco.
Tiramos um atraso estrutural gigantesco entre os clubes Brasileiros as receitas do clube explodiram e no dia 1º de Setembro de 2010 eu estava lá na festa de 100 anos no Anhangabaú no anúncio do nosso tão sonhado estádio.
Poucos anos mais tarde chegou o último título que faltava, a Libertadores da América.
Mesmo que tenha sido uma campanha tão linda contra um adversário tão importante ainda não foi suficiente para me levar as lágrimas, eu acredito que o jogo final tenha sido mais fácil do que de fato eu estava preparado.
Eu nem imaginava que meses mais tarde eu teria uma emoção muito maior a experimentar.
E em dezembro de 2012 eu estava sozinho em casa, na certeza que se perdêssemos aquele título já seria uma honra ter chegado lá e aquela torcida linda tomando o Japão e o estádio já tinha me deixado bem abalado emocionalmente.
Mas não perdemos, foi um jogo lindo.
Lembro de ter ficado de pé durante os últimos 25 minutos andando de um lado para o outro e com uma dor no peito muito grande. Nós merecíamos isso, especialmente aqueles que lá estavam.
Perder aquele título talvez me fizesse duvidar da existência de Deus.
No apito final, lembro de estar catatônico, sem acreditar naquele sonho.
Eramos Bi-Campeões mas o gosto deste não tem dúvida era muito maior.
Eu fiquei estático, sozinho e em silêncio até a entrega da taça.
Segundos após Alessandro ter levantado a taça em senti uma gota quente caindo nos meus braços e em segundos eu voltei aos 4 anos de idade e comecei a chorar como aquela criança.
Na falta do meu pai para abraçar a primeira pessoa que me veio à cabeça foi meu primo Jorge e no telefone eu mal conseguia agradecer a ele por ter me ajudado a encontrar a paixão da minha vida.
Eu não tenho 103 anos de idade. Minha relação com o Corinthians faz exatamente 20 anos.
Sorte a minha que estes últimos 20 anos foram os mais vitoriosos.
Mas nesse aniversário de um século e três anos de existência em homenageio aquele que foi quem iniciou o legado da minha família.
Coincidentemente conhecido pelo mesmo Apelido do meu Pai.
Obrigado Luizinho “  Pequeno Polegar” , talvez sem você, este texto de hoje não existiria.

 


Parabéns Corinthians , Religião de uma Nação.

O TURCA.

domingo, 5 de maio de 2013

PRA PIOR NÃO TEM LIMITES


Depois da fusão de um grande banco do qual eu trabalhava com outro maior ainda, era uma questão de tempo que as áreas começassem a sofrer cortes e uma sequencia de reformulações infindáveis que durariam anos. Inclusive isso já aconteceu há quatro anos e as reformulações não param.
As cabeças dos Diretores, Superintendentes e Gerentes apadrinhados da organização menor começaram a ficar a premio.
Eram tempos de insegurança. O Banco mandava embora pessoas de forma pulverizada e escalonada de maneira que não chamasse a atenção do Sindicato.
Com um monte de gente de cargos hierárquicos altos pendurados, a empresa tinha que dar um jeito de arrumar um lugar para eles para não passar um recado ruim ao mercado e muito menos disponibilizá-los aos concorrentes de mão beijada.
Então, aconteceu um movimento de esparramar esse pessoal nas empresas coligadas do grupo.
Era muito simples, pegava-se uma das empresas menores do grupo, mandavam embora todos os executivos que lá estavam e nas cadeiras deles, distribuíam seus apadrinhados sem que houvesse muita preocupação com o perfil de cada um ou o que eles poderiam colaborar com o negócio.
Dessa maneira, uma legião de executivos dos quais eu tinha trabalhado no passado estavam agora em outra empresa do grupo que iria encarar um cenário competitivo muito forte pela frente.
Não demorou muito para que eu recebesse uma proposta de lá. Proposta essa que na ponta do Lápis não tinha muita diferença de onde eu estava.
A única coisa de fato que mudaria seria a atividade que iria exercer. Como eu já estava há nove anos no Banco e minhas ambições já tinham sido derretidas ao longo destes anos, entendi que já tinha passado da hora de partir.
Então encontrei uma nova empresa que passará de 500 a 1000 funcionários da noite por dia no desespero de se preparar ao novo cenário competitivo que estava encontrando.
Ao chegar lá me deparei com uma empresa repleta de pessoas “foragidas ou resgatadas” de outras empresas do grupo. Eu inclusive me enquadrava na condição de resgatado.
Na maioria delas não se enxergava Know-how para as atividades que iriam exercer.
Era o que se chegava mais próximo de um “Bando”.
Fiquei lá na área comercial um ano e dois meses.
As estruturas comerciais eram novas e ninguém tinha vindo desse mercado. Tudo era feito na base da Tentativa e erro. Durante o período em que fiquei lá foram 14 tentativas sem nenhum êxito. Uma por mês.
Na Área chamada “Planejamento” não se planejava nada, do Diretor até o menor Analista pareciam que falavam outra língua.
O Diretor Geral estava mais perdido que o Padre dos Balões.
O Diretor Comercial estava mais preocupado com adesivos que com resultados.
Mas o grande chamariz da empresa era o Bônus pago mensalmente para o cumprimento das metas.
Quando eu cheguei encontrei meus pares rindo de orelha a orelha com os valores que eles já tinham embolsado nos meses anteriores.
Dava-se uma meta de 50 unidades para se vender e eles vendiam 950.
Fruto “é claro” de um excelente planejamento de metas.
Não demorou dias depois que cheguei para mudarem a Meta e então de 50 passou para 8.500
Realmente, mudança que motivou muito a equipe de vendas. Ninguém mais bateu meta e o clima automaticamente começou a pesar.
Minha área era regionalizada e quando eu fui contratado, estava acertado que iria cuidar da região do ABC. Região próxima da minha residência.
Três dias depois que entrei já fui direcionado a atender o Vale do Paraíba – Vale do Ribeira Litoral Sul e Litoral Norte. A Minha alegria era tremenda.
Além da distância de uma para outra, também eram as que possuíam os piores resultados, logo não bateria minhas metas tão cedo.
Em determinado momento da história de tanto tentarem e sem sucesso em obter resultados, foi feita uma alteração forte na empresa.
O Diretor geral foi destituído do cargo, pois havia no Banco outra pessoa a ser realocada e como a Moral dele com o Presidente era maior, ADEUS Diretor.
Não iria demorar para que ele trouxesse na bagagem mais uma legião de retirantes corporativos e assim foi acontecendo nos meses seguintes, até que em dado momento meu chefe foi desligado.
Agora era uma questão de tempo para chegar a minha hora assim como dos meus pares.
O Problema foi que isso demorou em acontecer.
Foram meses terríveis onde o único assunto das rodas era: Quando eu serei demitido? Você tem Plano B?
Eu tinha um Par que me ligava às 8 da manhã, às 2 da tarde e às 7 da noite TODOS OS DIAS sempre com a mesma conversa. “Eu sei que vamos ser mandados embora, blá, blá, blá”.
Ele tinha mais de 20 anos de empresa e se alguém não deveria estar preocupado lá, seria ele...
Eu já tinha trabalhado em grandes empresas e pelo clima estava evidente que isso aconteceria. Já tinha redesenhado todos meus Planos sabendo que teria um período difícil a enfrentar quando isso acontecesse.
Mas esse assunto nas rodinhas já estava me enchendo o saco.
Para fica pior, elegeram outro gestor para ocupar o lugar do meu chefe na empresa.
Meus pares eram casca grossa, já tinham tido experiências de gestão anteriores e alguns tinham qualificações até superiores ao cara para quem iriam se reportar.
Talvez por conta de saber disso que o novo gestor tinha uma postura altamente autoritária e focava 80% do tempo em ameaças ao emprego de cada um.
Na minha primeira reunião com ele agendada em um café num shopping da Zona Sul, ele apontou o dedo na minha cara e se limitou a dizer que se não batesse as metas ele iria me desligar. Levantou-se e foi embora.
Eu me limitei a ir embora rindo de tão patética exposição de gestão Antiquada.
Para falar isso a um subordinado não precisa ter NENHUM tipo de formação e Know-how.
Com o advento deste Imbecil na equação. Eu que já estava de saco cheio da desorganização daquele lugar, já estava torcendo para que nos desligassem o mais rápido possível.
Nossa equipe era constituída de oito pessoas. Quatro delas já trabalhavam com este novo gerente anteriormente. Eu e os outros três fomos as heranças malditas que ele recebeu.
Especulava-se que ele ficaria com quatro pessoas ou até mesmo com nenhum.
Um grande amigo meu que fazia parte da equipe original dele chegou a ter uma conversa com o gestor quando estava prestes a mudar de apartamento.
Nessa conversa ele foi tranquilizado sob o discurso que qualquer decisão que ocorresse, ele faria parte do time. Então, não teve dúvidas, comprou o apartamento.
Na mesma equipe podíamos perceber claramente a divisão dos grupos entre os que tinham certeza que ficariam e os que estavam com medo de ser “limados”.
Semanas mais tarde foi convocada uma reunião emergencial em uma segunda feira de manhã.
Eu fui para a reunião com a certeza que aquele seria meu último dia na empresa.
Chegando à sala, encontramos a gerente de RH e o Gestor Babaca que imediatamente pediu que três pessoas da equipe se retirassem e aguardassem na sala ao lado.
Era evidente que aquelas três pessoas seriam as preservadas e “pasmem”, meu amigo que comprou o apartamento NÃO fazia parte deste grupo.
Agora já com a certeza absoluta do que iria acontecer, passei a observar na face de cada um as expressões, especialmente aqueles que tinham certeza que iriam permanecer.
Não vou mentir...
... Eu estava rindo por dentro da arrogância deles.
Depois que ouvimos a historinha triste, fomos demitidos de forma coletiva e recebemos nossas rescisões pelas mãos da Gerente de RH.
Enquanto meus pares olhavam em choque para o envelope lacrado, o meu já estava assinado e devolvido para o RH.
Enquanto isso, nossos telefones não paravam de tocar.
Eram nossos funcionários que faziam trabalho de campo em pulverizados nas diversas regiões de São Paulo.
Das seis pessoas da Sala eu fui o único a perguntar a eles (Nosso agora ex-gestor e a gerente de RH) como ficaria a vida desse pessoal.
A Gerente de RH, uma gordinha com uma dose de arrogância maior que ela, disse com tranquilidade:
_Eles também foram desligados.
E eu tornei a perguntar. Mas de que forma se todos fazem serviços externos?
Com a mesma tranquilidade e certa que o procedimento que realizaram era muito normal:
_ Demitimos por Telegrama.
De fato, essa foi a única ocasião que eu fiquei em choque.
Como eles puderam fazer isso. Só na minha equipe eram mais de 30 pessoas e estavam trabalhando com os pais deles receberam o Telegrama em casa.
Teve gente que passou mal ao ler o telegrama, tinha gente me ligando chorando desesperada.
Eu olhei para meus ex-pares e NINGUÉM teve a menor reação. Ainda estavam catatônicos com as próprias demissões para entender o Absurdo que tinham feito com os seus funcionários.
Meu telefone não parava de tocar então perguntei para a gorda, oque eu deveria falar para eles.
A resposta foi mais absurda ainda:
_ A orientação é que você não atenda as ligações.
Olha, eu já tinha passado por experiências escrotais na minha vida, mas aquela foi a maior de todas.
Eu me levantei daquela mesa e liguei para dois dos meus funcionários, expliquei rapidamente oque tinha acontecido. Pedi calma e marquei um conference call as 18:00h para falar com todos eles.
Teve pessoas ali que NUNCA mais falaram com seus funcionários. Realmente desligaram o telefone e não deram a menor satisfação. Isso é o maior exemplo de um gestor FILHO DA PUTA.
Alguém indagou a gorda sobre o fato de alguns colaboradores morarem em áreas de difícil acesso e talvez não recebessem o Telegrama.
Mas a gorda tinha uma solução genial para isso, pois no final da tarde todos receberiam um SMS para comunica-los do desligamento.
Foi um verdadeiro Show de Horrores do RH.
Ao final do processo ela veio me perguntar em particular se eu tinha alguma coisa a dizer a respeito.
Eu disse que com relação ao meu desligamento, não tinha nada a falar e entendia a posição da empresa. Mas o que eles tinham feito com os colaboradores de campo era digno de prisão. Era um crime.
Os olhos dela ficaram cheios de lágrimas, levantei e fui embora.
Saí de lá com 970 kg a menos nas costas.
Um mês depois a Gorda já tinha mudado o perfil no linkedin, estava à disposição no mercado, também tinha rodado.
Assim como 70% das pessoas das áreas internas. Todos demitidos para dar lugar a outra legião de andarilhos corporativos.
O mais interessante dessa história foi aquele camarada que me ligava três vezes por dia para me dar notícias das demissões em massa.
Ele me liga no dia seguinte no mesmo horário, às 8 da manhã e me diz:
_ Eu fiquei surpreso com a minha demissão.
AAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHH  !!!! Vá Pra PUTA QUE PARIU...
 
O TURCA

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

SEJA VOCÊ UM TUTOR DE MENOR APRENDIZ.


No ano de 2004 para ficar amiga da sociedade e da Receita Federal a empresa resolveu entrar de cabeça nos programas de Aprendizes.
Eram duas categorias. Os menores e os Jovens.
Normalmente , selecionados em comunidades carentes , este pessoal chegava na empresa com o intuito de aprenderam algum ofício e a empresa obtinha benefícios fiscais em contra partida.
Em evento que contava com a presença da Diretora de RH , Superintendentes Comerciais e gerentes, fui devidamente presenteado com o rapaz que seria o Menor Aprendiz da minha unidade.
O nome dele era Naldo. Na verdade o nome dele era outro , Naldo era apelido, mas 6 anos depois, ainda não sei qual o nome verdadeiro dele, até porque se ouvi a voz dele 3 vezes foi muito.
O nome verdadeiro devia ser aqueles nomes maravilhosos que são uma conjunção entre o nome da mão e do Pai ou dos avós Maternos e Paternos ou alguma merda do gênero.
Devia ser Elionaldo, Arionaldo, Cristionaldo, Marionaldo etc.
O menino era franzino e extremamente tímido, pelo menos na minha frente.
Comecei  designando a ele uma tarefa muito nobre . A organização do Almoxarifado.
Aquilo estava uma bagunça. Eram documentos, brindes, materiais promocionais e o Diabo. Tudo entulhado e jogado pra todo canto.
 

Pra falar a verdade , eu NUNCA entrei naquela maldita sala.
Deixei o garoto lá e depois de uma semana fui dar uma olhada.
Para minha alegria o Almoxarifado estava PIOR que antes.  Logo vi que o senso de organização do Garoto estava comprometido.
Dei um Feed back leve e passei para a próxima etapa.
Agora ele era  o responsável em carimbar os folhetos promocionais da unidade.
Para carimbar um lote de 500 folhetos, ele demorava 2 dias.
Novamente outro leve feed back acompanhado de uma aula de “Como se carimbar um folheto”.
Na segunda tentativa uma evolução, já carimbava 500 folhetos em um dia e meio.
Como eu tinha mais de 10 mil folhetos em estoque, fiquei preocupado em ter que gastar 19 anos para carimbar todos.
Novamente alterei a função do rapaz. Agora ele distribuía os folhetos na porta da unidade aos transeuntes que ali passavam.
Depois que peguei ele dormindo em pé por 2 vezes, fui obrigado a retira-lo da atividade e partir para um feed Back um pouco mais intenso.
Nestes feed backs o rapaz ficava encaixado na cadeira me olhando com cara de boneco de cera e ao final quando eu perguntava se ele tinha alguma dúvida ou comentário ele me respondia balançando a cabeça que não tinha nada a declarar.
Uma vez por semana todos os aprendizes participavam de treinamento na empresa terceira que os recrutou . O Objetivo deste treinamento era dar continuidade aos processos que eles aprendiam nas unidades.
Como última tentativa, coloquei o menino para organizar as filas do caixa.
Inacreditavelmente comecei a notar que uma fila com 5 clientes conseguia gerar reclamações. Uma fila com mais de 6 já era motivo para a terceira guerra mundial.
 
Já desesperado e sem ter mais oque fazer resolvi chamar o garoto para aplica-lo um FeedBack de nível 3.
O Feed Back de nível 3 tem o objetivo de deixar o interlocutor com ódio de você. É o limite entre a agressão verbal e física.
Eu já estava de saída da unidade pois tinha acertado minha ida para outro departamento da empresa.
Participou comigo desta reunião a pessoa que iria me substituir na unidade.
Pessoa essa que apelidei carinhosamente de Cabeça de Passarinho, dado seu corte de cabelo que a fazia parecer com uma Codorna.
 
Coloquei o Maldito moleque na cadeira e já abri a conversa perguntando a ele oque ele e os demais Aprendizes faziam nos cursos no meio da semana.
Será que eles jogavam vídeo game ? Será que eles assistiam TeleTubies ?? QUE PORRA ELES FAZIAM LÁ ?
Ele não me respondeu.
Depois perguntei a ele oque ele pensava que seria da vida dele e oque a Família dele achava que seria a vida dele.
 Ele não me respondeu.
Eu Já estava  lacrimejando sangue e a cabeça de passarinho tremia sem parar.
O Moleque permanecia na sala como se não estivesse acontecendo nada.
Eu não aguentei,  cheguei bem perto dele , olhei no fundo dos olhos do garoto e disse:
_ NALDO, espero que você me encontre na rua daqui uma 5 anos e diga que eu estava errado em TUDO  te falei hoje .
Mas se você não mudar seu jeito de ser e de encarar a vida o patamar mais alto que vai chegar  na carreira é ser um PIPOQUEIRO.
Com um terrível agravante. JAMAIS  venderá pipoca com BACON pois , colocar Bacon na Pipoca já seria uma atividade muito sofisticada para a sua capacidade.
 
Finalmente, neste momento, uma lágrima escorreu do olho esquerdo do menino e eu tive a prova que ele não era um boneco de Pano e tinha vida .
A Cabeça de passarinho me abordou no corretor e me disse que deveria pegar mais leve e que ele precisava de treinamento.
Eu dei uma olhada rápida na cara dela, sorri e fui embora pensando:
_ Tá fudida !
Depois de uns 4 meses que já tinha saído da Unidade, os funcionários de lá me falaram que a coitada já não aguentava mais o garoto e não sabia mais o que fazer com ele.
Do outro lado da linha eu ria como uma criança.
Agora , depois de 7 anos  Deus me deu a oportunidade de descobrir que de fato estava totalmente errado com relação ao garoto.
Recentemente, retornando para minha casa após uma visita comercial, encontrei o NALDO em uma esquina na Zona Sul de São Paulo.
Ele não virou pipoqueiro como tinha previsto. Ele na verdade era Panfleteiro de materiais imobiliários no farol.
 
Infelizmente a Cabeça de Passarinho falhou na meta de treiná-lo para a Vida.
Antes que me esqueça...
.. Vai pra PQP NALDO e CABEÇA DE PASSARINHO.
 Grato.
O TURCA.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

EXECUTIVO JORDY E SUA BENEVOLÊNCIA.

Eu ainda era um garoto quando recebi uma proposta para assumir minha primeira equipe.
Um Executivo de nível médio na época, mas politicamente muito bem relacionado me fez a proposta que prontamente aceitei.
Nos bastidores da Companhia ele era conhecido como Jordy em alusão ao Francesinho Irritante do início da década de noventa .

Meu salário já não era bom e não demorou muito para eu perceber que teria que trabalhar 20 horas a mais no mês e não ganharia NADA por isso além da pressão aumentar consideravelmente.
Ele não entendia absolutamente nada do negócio e também não fazia questão pois foi obrigado a assumir essa posição na menor empresa do grupo para dar lugar a uma Executiva que era protegida do Presidente.
Assim sendo, ele era facilmente enrolado pelos gestores mais Malandros e foi nessa ápoca que ocorreram os primeiros e maiores casos de sacanagens, roubalheira e golpes que ajudaram muito no encerramento das operações dessa empresa alguns poucos anos depois. Todos episódios que a excelente área de Auditoria não conseguiu pegar.
Lembro-me com alegria de quando ele me prometeu um aumento e uma excelente avaliação por conta das minhas entregas .
Lembro-me com mais alegria ainda o fato dessas promessas NUNCA terem sido cumpridas.
Não demorou muito para ele retornar para uma posição de mais respeito na empresa e deixar a cadeira para outro Idiota . Na verdade UMA idiota que sofreu como um cachorro herdando todas as cagadas que ele deixou pra trás.
Alguns anos se passaram e ele agora já muito melhor colocado especializava-se cada vez mais em fazer Lobby com os principais executivos da empresa.
Mesmo depois de uma enorme reformulação que eliminou dezenas de executivos do quadro, ele continuou e ganhou mais poder e notoriedade.
Neste meio tempo já sem o menor tesão em continuar naquela empresa , resolvi  finalmente me desligar da mesma e ir para outra do mesmo grupo econômico.
Só no momento do meu desligamento descobri que na atividade que eu desempenhava  eu só deveria trabalhar 6 horas por dia.
Mas nos últimos 9 anos eu vinha trabalhando 8 horas como qualquer pessoa naquela empresa.
Com o Objetivo de reduzir os prejuízos com ações trabalhistas a própria empresa já oferecia uma proposta de acordo com seus colaboradores recém desligados oferecendo 50% do valor a ser recebido com essas horas chamadas de 7ª e 8º.
Particularmente eu precisava muito desse valor para terminar uma construção que há anos vinha patinando para conseguir.
No Próprio Sindicato em conversa com o Advogado da Empresa, fiz o pedido deste acordo.
Ou seja, estava me submentendo a PERDER 50% do valor devido para ter minimamente condições de terminar minha casa.
Lembrando que este procedimento é de iniciativa da PRÓPRIA EMPRESA.
Pois bem, um belo dia na estrada indo para Mogi das Cruzes recebo uma ligação do meu Gestor já na outra empresa me interpelando sobre uma AÇÃO TRABALHISTA que eu havia movido contra a empresa Sócia da qual eu na época era contratado.
Calmamente encostei  em um Posto de Gasolina e Expliquei que NÃO SE TRATAVA DE AÇÃO TRABALHISTA e dei todos os detalhes do caso.
Do outro lado, pouco interessado na questão, meu Gestor notando que a história daria trabalho para explicar ao Diretor Executivo disse me  que o mesmo tinha recebido uma Ligação do Jordy especialmente para dizer a ele que eu tinha acionado a Sócia da empresa na Justiça.
A partir daí começou uma corrida contra o tempo, era uma sexta feira e eu tinha até segunda para explicar o que tinha acontecido antes de me mandarem embora.
Foi uma pressão desgraçada, quanto mais eu explicava ao Meu Gestor, menos interesse ele tinha em entender. Chegou até a pedir que eu retirasse o pedido do Acordo prontamente negado por mim.
Evidente que eu sabia que havia o risco do acordo não ser aceito. Afinal de contas eu ainda estava em uma empresa do grupo, mas eu não tinha absolutamente nada a perder.
No dia de receber a resposta da empresa a Advogada deles me informou que a proposta estava pronta e aprovada até que um executivo da Empresa telefonou ao setor informado que não poderiam me fazer uma proposta de acordo uma vez que eu estava em uma empresa do grupo . Desta forma o risco de eu entrar com uma Ação trabalhista contra eles seria mínimo.
Enfim, o Acordo foi negado e a Advogada relevou que foi Jordy o autor da comunicação.
O Valor que eu receberia era irrisório comparado ao que pessoas do nível dele recebem de Bônus por semestre. Mas para mim , receber 50% daquilo que deveria resolveria minha vida.
Muito bem, enquanto isso, na empresa, precisei de um horário com o Departamento Jurídico que me tranquilizou dizendo que minha atitude em NADA complicaria minha situação e que era tratativa normal perante eles. Um email foi enviado ao meu Diretor para apaziguar as coisas.
Mas aquele assunto estava engasgado na minha garganta. Eu sempre fui muitíssimo grato àquela empresa por todo o aprendizado , amizades e realizações pessoais  que me proporcionaram. Porém a atitude daquele Executivo me enojava e não conseguia assimilar e engolir.
O sonho da minha vida valia para ele uma ligação de 1 minuto e 7 segundos para intensificar seus procedimentos de Lobby.
Minha história de 9 anos na empresa serviram de pretexto para uma ligação para tratarem de amenidades. Mais desesperado eu ficava quando chegava à conclusão que ele faria isso com qualquer um. A questão não era pessoal e sim Oportunista.
Alguns meses se passaram e as voltas da vida me proporcionaram revisitar essa questão .
E agora, resumindo bem a história o prejuízo que eles teriam há um ano atrás com aquele acordo aumentou um pouquinho .
Hoje eu agradeço àquele Imbecil e Benevolente homem  por  ter tomado uma atitude que levou a empresa dele a ter um prejuízo 260% maior que há um ano atrás.
Caro Jordy, continue  sua saga por Poder e abuse das FALSAS PROMESSAS e antes que me esqueça...
 ... vai Pra PUTA QUE PARIU profissional Coxa Creme do Caralho.

 $$O TURCA$$