FANS DO TURCA

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

OS CHEFES DO TURCA.

1998. Este foi o ano que conheci meu primeiro chefe.

Eu precisava ganhar dinheiro. Tinha uma dívida de faculdade alta pra pagar e tinha que ser um emprego que pagasse bem, mesmo que eu odiasse o que faria.
Bem, apareceu um Banco Espanhol na minha Frente. Eu iria bater de porta em porta oferecendo contas correntes pra todo mundo. Um verdadeiro SACO.


Meu Coordenador na época era o Waltão. Um coroa gente fina que era amigo do Diretor Regional e arrumou uma boca na Matriz do Banco.
Gostava de usar aqueles ternos "Jaquetão" e exibia suas gravatas espalhafatosas. Figurino muito moderno na década de 40.


Tinha uma gravata com chaves bordadas que ele dizia que era para abrir portas.
Às vezes aparecia na agência com os olhos irritados e os mesmos quase caiam da sua cabeça de tão esbugalhados.
Era ruim de relacionamento com os pares, ficou muito tempo trabalhando nas agências e não se atualizou para conseguir sobreviver no mundo corporativo. Com uma concorrência interna que chega a ser desleal, acabou sendo engolido pelos mais jovens.
Entrou em um Plano de Demissão Voluntária e ficou anos desempregado.
Deve estar usando aquela gravata com chaves até pra dormir.
Nunca mais tive notícias dele. Mas quando me lembro dele, lembro sempre com respeito e carinho.
Depois do Banco Espanhol fui para um Banco que foi adquirido pelo " Na época" o mairo Banco do Brasil . Era o Banco Mercantil de São Paulo, era mais conhecido por sua Financeira.

Lá eu fui um Trainee de Gerente e meu primeiro gestor chamava-se João batista Fator, mais conhecido como FATOR.
Outro Coroa baixinho de bigodinho que era professor de economia à noite e de dia Gerente Geral da Agência.
Ele era reservado, mas ainda sim engraçado.Parecia com o Inspector Clouseau.
 Respeitava a equipe, mas não era muito acolhedor. Boa praça relacionava-se bem com os clientes.
Bem até demais, entrava em uns negócios estranhos e de altíssimo risco para a agência.
Na gestão dele ocorreu a "FESTA DO PAGAMENTO SEM SALDO" muitos e muitos clientes tinham seus cheques compensados sem saldo na conta oque rendeu um buraco gigante no orçamento da agência.
Certa vez ele autorizou um pagamento de cheque de um grande clube da cidade sem saldo na conta após receber uma ligação do Diretor MANDANDO que não o fizesse.
Misteriosamente, Fator foi desligado da empresa e nunca mais tive notícias dele.
Para substituí-lo veio outro gerente que já conhecíamos por seus métodos radicais de gestão.
Ele tinha a responsabilidade de tirar a agência do Buraco.


Mauricio Missailidis. Ele era jovem, mas gostava do método de gestão da época dos Capitães do Mato.
Era impetuoso, conhecia as técnicas de Neurolinguística e as utilizava para o Mau.
Com esse cara eu vivi pela primeira e única vez as conseqüências do chamado "Assédio Moral".
Como eu era o mais novo entre os gerentes ele me utilizava para passar recado.
Gritava, Xingava, esbravejava, batia na mesa e aterrorizava a todos utilizando do poder do crachá.
Eu já estava de saco cheio desse Senhor. Um belíssimo de um FILHO DA PUTA .
Quando sai de lá, chorei de alegria.
Depois de 6 meses da minha saída ele foi procurado pelo sindicato que ameaçou colocar uma foto dele na capa do Jornal se não melhorasse seu comportamento escrotal.
Após essa ameaça ele se transformou no Frei Damião.

Aprendi muito com ele. Aprendi TUDO oque não se deve fazer quando se tem uma equipe. Obrigado Maurício vai pra Puta que Pariu !
Estava decidido a nunca mais trabalhar no Chão de Agência Bancária, mas gostaria de continuar neste mundo.


Apareceu então uma grande Financeira que na época não era Gerida por Judeus e o Grande Mestre "MAGO" Eduardo Pires.
Foi muito difícil para eu conseguir entender o estilo de gestão dele. Era completamente diferente do anterior.
Na época ele tinha uns 33 anos, extremamente criativo e bem relacionado conseguia atrair a atenção para qualquer coisa que fizesse, aprendi com ele o que não aprenderia em duas faculdades, não só no trabalho como na vida pessoal também.
Nunca o vi tenso, levava a vida com um sorriso no rosto e não deixava a equipe perceber quando estava triste.
Às vezes ele contava piadas e cuspia na minha cara e eu não podia falar nada porque era meu chefe.
Outra vez eu estava sentado e ele em pé. Começou a me contar uma de suas histórias e uma "Baba" de 3 litros escorreu do canto de sua boca e infectou minha calça bege. Quando percebeu o ocorrido, saiu correndo gritando para o Banheiro e minha calça está manchada até hoje.
Era Autor de histórias mirabolantes e de expressões espetaculares como " Filha da Cuzisse".
Eu evoluí no mínimo 3 anos na vida depois que o conheci.
Infelizmente trabalhamos pouco, pois logo recebeu uma proposta bem melhor e foi embora.

Depois dele eu tive mais 6 chefes, cada um diferente do outro.


Com alguns aprendi coisas que não deveria fazer nunca e com outros eu aprendi a ser mais profissional e exigente.
Teve um deles que não aprendi absolutamente NADA.
Mas estes casos ficam para um próximo texto porque este BLOG não paga minhas contas "Ainda" e eu preciso continuar empregado! Gostando ou não.


Fim de papo.


O TURCA

OS CARROS DO TURCA.

Sou da geração que o maior bem de um cidadão era ter um carro.
Quando criança você sonha para que seu pai possa ter o carro mais legal entre os pais de seus amigos.
Andar no banco da frente era uma grande vitória e você saia tirando onda com todo mundo da rua.
No meu caso isso NUNCA aconteceu. Meu pai tinha um FUSCA PRATA.
A salvação então era o meu avô.
Ele tinha um FUSCA BRANCO.
Bem, neste caso então, pulei alguns anos pra frente e esperei com calma para que quando eu crescesse pudesse ter algo melhor.

Meu primeiro carro foi um CORSA WIND, tinha vidro elétrico e eu achava isso SHOW DE BOLA. Meus amigos tinham carro com vidro na Manivela, que escroto.



Nessa época oque você quer ter, é o carro.
Que se dane qual seja. Você quer poder sair da escravidão do ônibus lotado e daquelas pessoas que você nunca verá nas Novelas da GLOBO.
Eu só gostava daquelas pessoas que entravam no ônibus pedindo dinheiro e dizendo que tinham câncer no crânio em estado terminal, AIDS ou lepra. Uma puta "Balela". Cambada de Golpistas PDP.
Gostava dos CEGOS no metrô que quando o trêm parava abruptamente, eram os únicos que ficavam em pé agarradinhos no ferro.
Alguns cantavam músicas do Michael Jackson ou Fred Mercury. Sensacional.
O difícil foi comprar o Corsa, eu sai do ZERO para alguma coisa, depois a ganância e o desejo de Status de um jovem de 23 anos começaram a fazer a diferença.

Então em comprei um VECTRA pra testar se aquele mito do carro era verdade.
O Teste foi aprovado, essa mulherada é ridícula. O ronco do Motor 2.0 é o maior afrodisíaco do mundo.




Depois de ter me afundado em dívidas de multas e um tanque de gasolina por semana e 890 pontos na carteira eu resolvi partir para outra.
Esse negócio de desfilar com carrinho bonito estava muito bom para meu ego, mas uma catástrofe para meu bolso.
Resolvi então ficar mais racional e como bom TURCO, pensei no meu bolso.


Um FIESTA 1.6 era tudo oque eu precisava. Famoso BBB (Bom bonito e Barato)

O tempo passou e com ele a maturidade, necessidade e responsabilidade aumentaram.
Não quero mais gastar dinheiro, agora eu quero GANHAR dinheiro.
Demorei 30 anos para descobrir isso. Não se espantem. Tem gente que morreu sem descobrir isso.

Nesta fase oque queremos é segurança e Futuro e uma CASA ou APARTAMENTO é o maior símbolo disso.

Foi-se embora o GLAMOUR.

Hoje um FORD KA sem direção, sem ar sem roda e sem vergonha é oque terá que me agüentar todos os dias nos 50 km de ida e volta do trabalho por período indeterminado.

Um verdadeiro carro de Guerra.
Mas nenhum deles e nenhum dos que virão JAMAIS irá superar o FUSCA BRANCO do meu Avô.

Aquele que me levou para a escola ainda criança, passou de meu avô para minha mãe e depois pra mim.
Acompanhou-me em algumas aventuras dignas de Sexy HOT e outras de Missão Impossível.
Quando quebrava uns pequenos Clipes resolviam os problemas. Subia até paredes escorregadias e era anfíbio também.
Em toda a minha vida eu só me lembro de ter chorado três vezes, aquele choro de soluçar.
Uma dessas vezes e acho que a mais intensa foi quando entreguei o velho Fusquinha ao novo dono em troca da entrada do meu 1º carro.

Salve meu velho fusca e o seu 1º Comprador, Sr. Calman Kachae " Meu avô" , também conhecido como Seu Nelson, em homenagem ao Nelson Gonçalves que assim como ele eram bem conhecidos pelas noites de Boemia da cidade..


O TURCA.